- Joana, vamos às compras. – Joana correu contente para a porta. Adorava ir ao supermercado.
Quando chegaram ao supermercado o pai tirou a carteira do bolso de trás e contou o pouco dinheiro que tinha e começou a pensar nas coisas que tinha mesmo que comprar. Joana gritou:
- Não me apanhas! – O pai, respondendo-lhe com um sorriso, fingiu que ia começar a correr atrás da menina e deixou-a ganhar uma pequena vantagem para que a brincadeira durasse um pouco mais. Depois, desatou a correr para a apanhar, e quando finalmente conseguiu, depois de terem corrido todo o supermercado, entre prateleiras e carrinhos de compras, o pai pegou na filha ao colo e fez-lhe cócegas. De seguida foram ambos buscar dois pacotes de leite, um pacote de farinha, um pacote de arroz, e… e mais nada, porque o pai não tinha dinheiro para mais.
Então, o pai pôs a pequena Joana às cavalitas e dirigiu-se à caixa. Quando chegou colocou os quatro produtos no tapete rolante e reparou que Joana vinha abraçada a uma boneca de pano que tinha retirado rapidamente e sem o pai se aperceber de uma prateleira. Joana olhou para o pai e disse:
- Pai, leva… - O pai colocou Joana no chão, e olhando para a filha que abraçava fortemente a boneca disse-lhe:
- Joana, não podemos levar… Não temos dinheiro, olha o preço, é muito cara… - Então começaram a escorrer lágrimas dos olhos de Joana, e a pequena abraçou a boneca com mais força, enquanto chorava em silêncio. O pai pediu então a boneca a Joana para a ir colocar na prateleira devida, Joana deu-lha, e quando viu o pai afastar-se com a boneca não conseguiu suster o som do seu choro.
Quando se deitou, a esposa perguntou-lhe o que se passava, porque ele e Joana estavam tão tristes, e quase não falaram ao jantar. O pai deixou escorrer uma lágrima e contou à mãe. Depois levantou-se, vestiu-se e saiu de casa. Foi a um contentor onde as pessoas colocavam roupa velha e arranjou pano e uns sapatos de bebé. De seguida procurou em vários contentores do lixo uma peruca porque o Carnaval tinha sido poucos dias antes. E quando conseguiu reunir tudo o que precisava voltou a casa.
Eram duas da manhã quando se sentou na mesa da sala e debaixo da fraca luz de um candeeiro abriu a caixa de costura e começou a cortar tecido, a cozer com agulha e linha, e quando o a boneca estava quase concluída cortou um pouco da peruca que tinha encontrado e foi buscar um pente que a esposa normalmente usava para se pentear, e tentou dar forma ao emaranhado de fios. Por último, coseu a peruca à cabeça da boneca. Então, encostou a boneca ao pé do candeeiro e ficou o tempo de um cigarro a admirar o seu trabalho, contente consigo próprio.
Antes de se deitar passou no quarto de Joana e colocou a boneca entre os braços da pequena sem a acordar, deu-lhe um beijo na testa e foi-se deitar.
Joana sentiu o beijo na testa e abriu os olhos lentamente. Só viu o pai a sair do quarto, mas sentiu que estava abraçada a alguma coisa e acendeu o candeeiro da sua mesa-de-cabeceira. Quando viu a boneca Joana fez um enorme sorriso, abraçou a boneca e correu para o quarto dos pais. Quando chegou abraçou o pai e deu-lhe um beijo na testa e a mãe disse-lhe:
- Está tarde Joana. Temos de dormir… Dorme aqui connosco. – E Joana deitou-se no meio dos pais. Os pais adormeceram rapidamente, Joana ficou a admirar a sua boneca e a pensar que nome lhe daria até ser vencida pelo cansaço.
2 comentários:
Emotivo, bonito e com final feliz :)
Cara lopesca, muito obrigado pelo teu comentário. É bastante motivante quando alguém deixa um comentário.
Cordiais Cumprimentos,
Lourenço
Enviar um comentário