segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Desencontros

Eu era pó, fui terra, e depois pedra, e vi-te no céu. Tu eras estrela, e tu, não me viste, e eu ,enquanto brilhavas, discreta, sózinha, entre todas as estrelas, num enorme momento só meu, apaixonei-me por ti...

E depois fui lume, fui chama, fui paixão, e tu desaparecias com o nascer do dia, e aparecias com a noite. E eu ardendo tornei-me cinza, pó de novo, e com o vento fui poeira. Até que, voltei a assentar, e quando as chuvas vieram, fui um riacho, depois rio, e mais tarde mar, e do cimo das ondas olhava para ti à noite, e tu, nunca me viste...

E tudo o que eu queria era poder chegar mais perto de ti, poder falar contigo, conhecer-te, passar a eternidade toda a contemplar-te, e fazer tudo para te ver feliz. Por isso, quando amanheceu e tu desapareceste, eu aproveitei uma onda maior e pus-me ao sol no areal de uma praia, e como planeado, evaporei. Quando anoiteceu eu era nuvem, e era a felicidade por estar tão perto de ti quanto me era possível, e contemplei-te durante muitas noites, durante todas as noites, e tu, nunca reparaste em mim...
E hoje reparei que tu já não és só uma estrela, és parte de uma constelação, e eu sou ciúme. E tu és amor, e eu sou respeito. E tu és proíbida, e eu cobarde. E tu não me vês, e és estrela e nunca poderei chegar mais perto de ti...
E hoje eu sou a trizteza toda, a precipitação...
Hoje sou lágrima...
Mas volta e meia, voltarei a comtemplar-te quando a noite cair.

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